sexta-feira, 25 de julho de 2025

O Amor Que Esquecemos

Amar uma mulher sempre foi, em sua essência mais pura, um gesto de coragem. Não daqueles barulhentos, de espadas em punho ou promessas gritadas ao vento. Mas da coragem silenciosa: de permanecer. De cuidar mesmo quando ninguém está vendo. De proteger sem aprisionar. De ser fiel não só no corpo, mas no pensamento, na intenção, no coração.

Era sobre isso, não era? Amar uma mulher. Reconhecer nela um universo inteiro e decidir, todos os dias, desbravar esse universo com delicadeza, com mãos que seguram, não que esmagam. Com olhos que enxergam além da aparência. Com palavras que constroem, não que ferem. Amar era também renunciar abrir mão de pequenos egos para acolher um "nós" maior, mais inteiro.

Mas algo se perdeu pelo caminho.

Hoje, o amor parece ter virado um jogo. Um campo minado de estratégias, silêncios planejados, respostas medidas com régua emocional. Não se protege mais; se testa. Não se cuida; se provoca. A fidelidade virou moeda rara num mercado de promessas ocas. E o respeito… ah, o respeito. Quase uma relíquia, como uma carta antiga esquecida na gaveta de um tempo que não volta.

A intimidade, aquela que nasce da alma nua, do riso sincero, do toque que acalma, foi substituída pela pressa. Pela necessidade de mostrar, não de sentir. Pelo medo de se entregar e virar "fraco". Como se amar de verdade fosse um erro, e não o acerto mais bonito que alguém pode cometer.

As mulheres, essas que deveriam ser amadas com presença e verdade, estão se ferindo em silêncios. Estão aprendendo a lidar com a ausência de cuidado como se fosse normal. A se contentar com migalhas disfarçadas de afeto. A duvidar de si quando são traídas, manipuladas, ignoradas. Como se o erro estivesse nelas. Como se não merecessem mais do que isso.

E talvez o mais triste seja perceber que muitos homens já não sabem mais amar uma mulher. Não por maldade, mas por distração. Por orgulho. Por um cansaço emocional que herdaram de uma cultura que ensina a conquistar, mas não a permanecer. Que valoriza o jogo, mas não a entrega.

Amar uma mulher de verdade virou quase um ato de resistência. Uma arte esquecida, daquelas que poucos ainda sabem fazer e menos ainda têm coragem de aprender.

Talvez um dia, quem sabe, a gente se lembre. Que amar não é sobre ganhar. É sobre oferecer. Cuidar. Respeitar. E estar ali. Inteiro. Mesmo quando o mundo disser que não vale a pena.

Mas hoje… hoje parece que esquecemos. Mas ainda assim, ainda desejo amar...

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