No aproximar dessa noite, ela o vê chegar,
Com o colo exposto e o pescoço a falar
Em tons roxos, violáceos, que não se calam,
Marcas que gritam onde os lábios se calam e os olhos não suportam acreditar no que vê.
Seus olhos descem, devagar, como quem teme
Encontrar na pele dele o que o coração já teme.
Um campo de guerra, um jardim invadido,
Um corpo que antes era abrigo, agora parece ser dividido.
A mente dela dança em círculos febris,
Constrói cenários de beijos servís,
Imagina mãos que não são as suas,
Lábios estranhos em noites nuas.
Mas ainda assim, entre o peito amante e a razão,
Há um fio de fé, uma tênue ilusão.
“Talvez tenha sido um descuido, um tropeço,
Uma briga, o ciúmes alheio, um erro sem preço…”
Ela escuta sua voz, ela luta pra acreditar, envolvida por um amor que, ora é paz, ora é turbulência e confusão.
Ele jura amor eterno, com olhar transparente.
E mesmo que o mundo diga que ele mente,
Ela escolhe crer, num gesto inconsequente.
Porque amar é, às vezes, fechar os olhos,
É silenciar o grito e escolher acreditar no amor.
É plantar esperança no solo da dúvida,
É apostar no amor mesmo quando ele muda.
Ela sofre, sim, num silêncio denso e doloroso,
Carregando no peito um peso imenso.
Mas em meio à dor, uma flor ainda brota:
A vontade de crer, mesmo quando tudo é revolta.
E assim ela fica, amante e ferida,
Esperando que o amor vença a mentira.
Porque há algo de sagrado em perdoar,
E um pouco de céu em continuar a amar...
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