Nas margens do Tocantins, nasceu Aurora,
De palmeiras altas e mãos calejadas,
Onde o vento contava histórias em canções
Das lavadeiras nas águas encantadas.
O rio era espelho de rostos e sustento,
Era altar, era estrada, era oração,
Ali vivia o tempo do firmamento
Dos que plantavam sonhos com o coração.
Veio o progresso de nome estrangeiro,
Cercou o peixe, calou a canoa,
Alagou as lembranças, tirou o terreiro,
Fez da saudade uma lágrima boa.
Mas o povo, ah, esse povo se refaz,
No barro da luta remodelou a sua história,
Em cada casa verde há vida e paz,
E na dor plantada, há também vitória.
E mulher que pesca, homem que benze,
Menino que corre entre sonhos e poeira,
Na peleotoca o espírito acende,
A memória resiste mesmo nas cachoeiras.
Babaçulândia, flor do cerrado,
Tua alma caminha com os ancestrais,
Negros, índigenas e brancos misturados
Na dança sagrada dos tempos iguais.
Enquanto houver rio, no peito irá pulsar,
Enquanto houver canto no fundo da dor,
Enquanto houver gente disposta a amar,
Tua história será poema de amor
E suspiros de lembranças boas.
Nenhum comentário:
Postar um comentário