Teu beijo, enfim, cascata de calor e luz,
Inunda a alma seca, que a trevas conduz.
Não mais navalha fria, mas sol que me aquece,
Desfazendo o gelo que em meu ser cresce.
Teus lábios nos meus, encontro de chama voraz,
Tremor que atravessa todo o meu corpo fugaz.
Não muro de granito, mas ponte florida,
Ligando dois mundos em nova guarida.
Meu peito, antes deserto, renascido jardim,
Onde a melodia flui desejando você pra mim.
Tua presença, agora, luz que me veste,
Afastando as sombras, mas sendo o medo que persiste.
A sensação que emana, incêndio de prazer,
Queima como a fogueira de um eterno querer.
É rio que transborda, em ondas de deleite,
Qual cachoeira mansa, em suave aceite.
Sinto-me Romeu no instante do primeiro beijo,
O mundo em suspenso, findando o cortejo
De angústias passadas, de dores sombrias,
Encontrando em Julieta as mais puras magias.
Sou Dante ao fitar Beatriz, fulgor divino,
Alma elevada a um plano, outrora tão mesquinho.
É o encontro de Werther e Lotte, em doce agonia,
A beleza fugaz de uma intensa harmonia.
Teu beijo ecoa, sinfonia suave e forte,
Removendo as mágoas, ilusão que me leva a morte.
E a não aceitação que emana do teu ser,
É intensa dor cálida, mas me faz escorrer.
Assim como a brisa leve acaricia a flor,
Teu toque me inebria, extingue momentanea dor.
Como o orvalho da manhã que a relva veste,
Teu beijo me renova, acalma a alma agreste.
E mesmo em êxtase, em sublime enlevo,
Este amor me consome, rompendo o cárcere breve.
E ainda que a paixão seja um breve céu,
Beijar-te é paraíso que a minha alma conheceu.
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