quarta-feira, 7 de maio de 2025

Teu Beijo

Teu beijo, enfim, cascata de calor e luz, 

Inunda a alma seca, que a trevas conduz. 

Não mais navalha fria, mas sol que me aquece, 

Desfazendo o gelo que em meu ser cresce.

Teus lábios nos meus, encontro de chama voraz, 

Tremor que atravessa todo o meu corpo fugaz. 

Não muro de granito, mas ponte florida, 

Ligando dois mundos em nova guarida.

Meu peito, antes deserto, renascido jardim, 

Onde a melodia flui desejando você pra mim.

 Tua presença, agora, luz que me veste, 

Afastando as sombras, mas sendo o medo que persiste.

A sensação que emana, incêndio de prazer,

Queima como a fogueira de um eterno querer. 

É rio que transborda, em ondas de deleite, 

Qual cachoeira mansa, em suave aceite.

Sinto-me Romeu no instante do primeiro beijo, 

O mundo em suspenso, findando o cortejo 

De angústias passadas, de dores sombrias, 

Encontrando em Julieta as mais puras magias.

Sou Dante ao fitar Beatriz, fulgor divino, 

Alma elevada a um plano, outrora tão mesquinho.

É o encontro de Werther e Lotte, em doce agonia, 

A beleza fugaz de uma intensa harmonia.

Teu beijo ecoa, sinfonia suave e forte, 

Removendo as mágoas, ilusão que me leva a morte.

E a não aceitação que emana do teu ser,

É intensa dor cálida, mas me faz escorrer.

Assim como a brisa leve acaricia a flor, 

Teu toque me inebria, extingue momentanea dor. 

Como o orvalho da manhã que a relva veste, 

Teu beijo me renova, acalma a alma agreste.

E mesmo em êxtase, em sublime enlevo,

Este amor me consome, rompendo o cárcere breve. 

E ainda que a paixão seja um breve céu, 

Beijar-te é paraíso que a minha alma conheceu.

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