Num pedaço abençoado,
Cercado de mata e chão de areias,
Onde a água corre serena,
Feito bênção, feito oração,
Vive um povo de língua afiada,
Que só espalha maldição.
Terra bonita e florida,
Cenário de paz e amor,
Mas quem ali bota os pés
Percebe o amargo sabor.
O verde se veste de luto,
Quando se alastra o rancor.
Lá mora uma professora,
De alma limpa e valente.
Trabalha, rala, se doa,
Ensina com fé permanente.
Mas sofre por boca traiçoeira,
De um povo cruel e indecente.
Falam dela pelas esquinas,
Inventam, distorcem, machucam.
Mentiras nascem como praga,
E os falsos com risos se juntam.
Transformam pureza em pecado,
E os fracos com ódio se escutam.
Cidade de águas tão doces,
Mas de coração tão amargo.
O céu de beleza tão rara,
Se tinge de cinza e de embargo.
O inferno não vive nas brasas,
Se esconde no olhar mais vago.
Enquanto ela acorda bem cedo,
Com livros, com sonhos e cadernos,
O povo se junta na praça,
Pra tecer o discurso do inferno.
Mentem, ferem, destroem,
E fazem do belo... veneno e fel.
Mas Deus vê tudo lá do alto,
O que é mentira e o que é verdade.
Quem planta fofoca e maldade,
Colhe dor, solidão e falsidade.
E quem vive de honra e trabalho,
Recebe da vida dobrado em bondade.
Que saibam os falsos da vila:
A língua que fere se enrola.
O tempo derruba o soberbo,
E faz da verdade uma escola.
E a mestra, que hoje padece,
Amanhã seu valor se consola.
Portanto, escutem bem meu recado,
Povo amargo de língua felina:
Quem planta mentira e veneno,
Colhe dor, solidão e ruína.
E a mestra, vai continuar erguendo a cabeça,
Seguindo firme, com sua inspiração divina.
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