domingo, 11 de maio de 2025

Inferno

Tu, que eras o anjo resplandecente à minha frente, cuja beleza iluminava todo o meu ser, olhavas-me com olhos que não viam o abismo que se formava em meu peito. Neste paraíso, onde os corações devem se unir, o meu encontra-se desfeito, dilacerado, num eterno vazio. O amor que eu sentia por ti era uma chama que queimava com intensidade, mas o teu olhar, indiferente, não alimentava essa paixão, tornando-a uma dor sem fim, uma condenação que não sei de onde veio, nem para onde vai.

Se o Paraíso é um lugar de êxtase, então este se transformou em minha própria tortura, pois cada passo que dou aqui é marcado pela tua ausência. A brisa suave, que acariciava meu rosto, agora me corta como lâminas de gelo, como se quisesse, a cada suspiro, lembrar-me de que meu amor jamais será correspondido. O azul do céu já não tem a mesma cor, pois ele reflete a tristeza que se alojou em minha alma.

Oh, amor não correspondido, que me arrastas como um rio impetuoso, e que me afasta de tudo o que um dia foi belo, entrego-me à dor que me consome. Como Virgílio guiando Dante, eu caminho no inferno, mas sem esperança de encontrar a salvação, apenas o reconhecimento de que meu coração estará preso nesse paraíso infernal, eternamente. Aqui, a luz que brilha mais forte é a que queima a minha alma. Cada suspiro meu ecoa como um grito perdido, que se perde no vento, que não chega a ser ouvido.

E assim, nesse paraíso onde o amor deveria ser puro, vejo-me no mais profundo abismo, onde o tormento de amar sem ser amado é o meu único companheiro.

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