Nas matas densas e no cerrado do meu Norte,
Canta o vento quente, sopra um ode à vida,
Corre os rios em veios vivos pulsando em sua sorte,
Nas correntes e ondas da barcos e canoas coloridas.
Vejo o céu de azul negro brilhante sem fim,
O sol ardendo em chama brava, queimando feito brasa,
A terra dá e acolhe em seus braços, pulsa dentro de mim,
Com sua força acende a mais pura beleza, que não acaba.
Cresce a roça, castanha, açaí, mandioca, mamão, milho e feijão,
Na alegria do sorriso simples e na palma áspera da mão forte,
Cada semente é um descendente de um povo de bom coração,
Cada amanhecer e cada colheita vence a espreita da morte.
O povo negro resiste e persiste em seus quilombos,
Esconde a dor, dança sua fé, fluem e confluem e finca raiz,
Traz no couro dos tambores o peso de seus ombros
O som do ontem e da esperança de um futuro feliz.
Das serras e matas, as aldeias, dançam com o tempo,
Na maloca levam as artes do corpo e um rito antigo,
Cada traço uma tradição e uma história que traduz no jenipapo
O mais belo canto de louvor ao mundo vivo.
Açaizeiros alimentam, fortificam e fazem sombra,
Sobre as redes balançam as boas conversas no quintal,
Das castanheiras ouvimos os mais altos sons que assombram,
Mas, nos ligam ao essencial da viva, totem sagrado e natural.
Lá no chão das matas e florestas densas,
Há choro, sangue, história e suor,
Mas esses povos carregam uma força,
E a mata nunca esquece ou cansa,
Grita em luta contra a dor em um rugido de esperança.
O seringueiro que partiu em busca de algum ganho,
Deixou seus lamentos, sonhos e amores nos barrancos,
E nos troncos e chicote dos engenhos
Ainda ecoam as orações dos povos africanos.
No berço verde, onde o rio é estrada,
Corre a vida em correnteza encantada.
A Amazônia pulsa em narrativas, canto e cor,
Um santuário de fauna, flora e flor.
A cada árvore tombada,
A cada fogo no cerrado,
Há um grito que não cansa,
Há um punho levantado.
Dos seringais à borracha,
Da luta contra a escravidão,
Do Divino à esperança,
De um povo que viva em união.
Lá no quilombo o couro do tambor, traz lembrança de Zumbi,
Na mata, a lança de imburana se ergue,
para lembrar seus filhos, de lutar e prosseguir.
Cada palha, cada folha, cada dança e ritual,
É história que se conta, é caminho espiritual.
E enquanto a lua ilumina as águas do grande rio,
A terra segue seu rumo, e guia seu povo que segue bravio.
Por isso, ergamos as mãos, e firmamos nossos pés no chão,
Pois a floresta é eterna e o Norte é a nossa identidade e nação.
Nenhum comentário:
Postar um comentário