sábado, 4 de janeiro de 2025

Alma Feminina



Sob o sol escaldante, brilha a terra negra, 

onde o ventre da mãe esconde os ossos da história feminina.

Há uma mulher de dois milhões de anos em cada uma de nós, 

seus olhos carregam o peso do tempo e a suavidade dos sonhos.

Ela é jovem quando velha, e velha quando jovem,

seu espírito flutua, etéreo, 

entre as margens do renascer e do morrer, 

uma mortal que inspira a imortalidade dos homens.

O mito da mulher se desenha na pele,

cicatrizes e marcas como tatuagens da alma silenciada,

se dobra e desdobra em dor e caos, mas em luz e amor. 

seus óvulos, sementes da vida e da morte,

em um ciclo de fertilidade que se refaz a cada instante

seja no corpo, seja no coração.

Ainda assim, na sua voz, uma força inata,

o instinto selvagem que se oculta 

nas dobras do feminino um vasto universo.

Ela é donzela e megera,

a criadora e a criatura,

seus passos, suaves como o vento,

Jamais deixam a mostra suas feridas profundas 

como o vidro quebrado que corta 

mas cura, ela se cura e continua a curar.

Os mitos, esses contos antigos,

sussurram suas verdades ocultas.

O bem e o mal são espelhos que se refletem

no reflexo pulsante do seu espírito.

Cada gesto, cada olhar,

marca uma vida, uma sorte, 

um amante ou uma morte,

E a cada morte, elas se refazem, 

e se ajustam com a dor constante.

O instinto da mulher é símbolo e simbolico,

o espírito, um campo fértil e furtivo,

onde a vida brota do caos, e o caos traz vida,

onde a morte é apenas o ventre do renascer.

E assim, ela caminha.

No círculo eterno de machucar e curar,

de morrer e nascer,

uma criatura, criadora.

Infinita e finita,

velha, jovem, tudo ao mesmo tempo,

mistura de sombras e luz,

no tecido sagrado da terra negra,

onde a vida, sempre, se refaz.

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