Sob o sol escaldante, brilha a terra negra,
onde o ventre da mãe esconde os ossos da história feminina.
Há uma mulher de dois milhões de anos em cada uma de nós,
seus olhos carregam o peso do tempo e a suavidade dos sonhos.
Ela é jovem quando velha, e velha quando jovem,
seu espírito flutua, etéreo,
entre as margens do renascer e do morrer,
uma mortal que inspira a imortalidade dos homens.
O mito da mulher se desenha na pele,
cicatrizes e marcas como tatuagens da alma silenciada,
se dobra e desdobra em dor e caos, mas em luz e amor.
seus óvulos, sementes da vida e da morte,
em um ciclo de fertilidade que se refaz a cada instante
seja no corpo, seja no coração.
Ainda assim, na sua voz, uma força inata,
o instinto selvagem que se oculta
nas dobras do feminino um vasto universo.
Ela é donzela e megera,
a criadora e a criatura,
seus passos, suaves como o vento,
Jamais deixam a mostra suas feridas profundas
como o vidro quebrado que corta
mas cura, ela se cura e continua a curar.
Os mitos, esses contos antigos,
sussurram suas verdades ocultas.
O bem e o mal são espelhos que se refletem
no reflexo pulsante do seu espírito.
Cada gesto, cada olhar,
marca uma vida, uma sorte,
um amante ou uma morte,
E a cada morte, elas se refazem,
e se ajustam com a dor constante.
O instinto da mulher é símbolo e simbolico,
o espírito, um campo fértil e furtivo,
onde a vida brota do caos, e o caos traz vida,
onde a morte é apenas o ventre do renascer.
E assim, ela caminha.
No círculo eterno de machucar e curar,
de morrer e nascer,
uma criatura, criadora.
Infinita e finita,
velha, jovem, tudo ao mesmo tempo,
mistura de sombras e luz,
no tecido sagrado da terra negra,
onde a vida, sempre, se refaz.
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